20 de julho de 2020

Parada em série - duas maneiras de regular, principais usos e análise SERENES

Um recurso bem interessante e pouco usado é a parada em série

A ideia é simples: se pendurar em um ponto e utilizar um outro como backup. 

Esse procedimento é comum em vias esportivas, quando um escalador vai limpar a via e utiliza uma costura pra "backapear" o ponto em que está ancorado. Acontece que alguns testes mostraram que mosquetões conectados com mosquetões, ou mosquetão-chapa-mosquetão quando solicitados podem estourar ou abrir com muito mais facilidade que uma conexão feita com fita. Uma primeira grande vantagem na parada em série em relação ao velho backup com costura é essa: se elimina a chance de um mosquetão estourar ou abrir tracionando erroneamente (ou por efeito alavanca ou por tracionamento em 3 sentidos) na chapeleta ou em outro mosquetão.

Como funciona:
Com uma fita é feito um loop (balso pelo seio)  que vai ser o ponto central e com o resto da fita ajusta-se o backup no outro ponto de ancoragem. A ideia é deixar a fita o mais curta possível, diminuindo ao máximo o fator "extensão" em caso do ponto principal de ancoragem falhar.
Faço essa regulagem usando dois métodos: ou um nó simples ou um volta do fiel. Se for fazer o fiel lembre de clipar a fita de volta no mosquetão, caso o fiel falhe a fita estará clipada dentro do mosquetão.

Parada de 2 pontos em série regulada com nó simples. Utilizamos o loop formado como ponto central (master-point)
Regulagem feita com fiel: reparem que clipei novamente a fita dentro do mosquetão do fiel. Assim evita-se "ficar fora" da fita caso o fiel falhe.


Vantagens: (1) A maior vantagem nessa parada é quando dois pontos estão desalinhados* (um muito acima do outro). (2) Outra vantagem é de se precisar de pouca fita para montar (quando os pontos estão desalinhados precisa de mais fita pra fazer um triangulo bloqueado, por exemplo). (3) Além disso é uma parada relativamente simples de montar (pode-se deixar o loop feito e a cada ancoragem só ir ajustando o nó na sobra da fita).


Em uma análise SERENES temos:

-Solidez: boa solidez.
-Equalização: média equalização. Em alguns casos até ocorre boa equalização, mas normalmente a carga fica em um ponto e o outro como backup.
-Redundância: média redundância.
-Não-extensão: Muito boa. Se bem ajustada tem extensão zero.
-Simplicidade: relativamente simples de montar, principalmente se já deixar o loop de ancoragem montado.

*Em rochas sedimentares pode existir uma diferença significativa entre uma camada de rocha e outra(e isso pode estar a 10 centímetros ou menos de distância vertical). Então é mais seguro furar uma parada  com os pontos não alinhados, ou seja, um acima do outro. Assim cada ponto vai estar em uma "fase" diferente da rocha, proporcionando maior solidez aos pontos de ancoragem. Existem muitas paradas assim nos arenitos paulistas...assim que percebemos essa vantagem paramos de bater os pontos um ao lado do outro, colocando um acima do outro. Diferente de rochas menos friáveis (cristalinas), como o gnaisse ou granito, ou basalto/diabásio, nos arenitos e calcários pode ser mais sólido ter paradas desalinhadas.

Essa parada é conteúdo do curso de guia de cordada, juntamente com o QUAD e o SWAMP. 

Abraços, André Funari.


Nenhum comentário:

Postar um comentário