3 de agosto de 2021

Escaladas Guiadas - Região do Itatiaia

Bom dia galera da Montanha!!


A região do Itatiaia é um dos berços do Montanhismo Brasileiro e com certeza um lugar ideal para começar a escalar. Pela quantidade e qualidade de vias de menor dificuldade (de 2° ao 5° grau brasileiros) podemos dizer que estamos diante de um grande e belíssimo campo-escola.

Pra quem já fez um curso básico e está querendo dar aquele gás na própria escalada, recomendamos as seguintes vias. 

Guiamos você nelas e se você quiser guiar damos todo o apoio e segurança (temos curso de primeiros socorros em áreas remotas e auto-resgate em escalada em rocha).


Pedra do Picu - Itamonte- MG

-Via do Sol (do Naval) 3° IVsup (A0/5sup) E1 150 metros

-Dale-Dale 4° V E1 120 metros


Pedra Grande (Parque Nacional do Itatiaia - Parte Alta)

-Rapsódia Sertaneja 3° Vsup E1 100 metros

Paredão Carolina

-Via União 2° IIsup 90 metros

-Via Carolina 2°IIIsup 120 metros

-Mito e Realização 2° IIIsup 150 metros

-Jardim de Amaryllis 2° III 150 metros


Pedra do Altar (Parque Nacional do Itatiaia - Parte Alta)

-Gênesis 3°IVsup E1 90 metros


Agulhas Negras (Parque Nacional do Itatiaia - Parte Alta)

-Paredão Estrela 2° III  250 metros

-Paredão Sherpa 2° III 250 metros

-Bira 2° IV 150 metros

-Oba-Oba 3°IIIsup (A0/VI) 50 metros

-Chaminé dos Estudantes 3° IV 150 metros


Prateleiras (Parque Nacional do Itatiaia - Parte Alta)

-Via Norte com variantes 3°IIIsup 

-Chaminé Brackmann 3° IV

Incluso: seguro pessoal, equipamentos coletivos e pessoais (informar o que precisar de equipamentos) e ingresso no Parque Nacional do Itaitaia.


Reservas de datas: 19 99916 6716

3 de junho de 2021

O que é e para que serve a análise SERENES para ancoragens?

Bom dia povo da montanha!! 

Em outro post aprendemos um pouco sobre as pouco utilizadas paradas em série e acabamos fazendo uma análise daquele tipo de ancoragem. Quando bem compreendida e interiorizada ao cotidiano do escalador essa ferramenta (análise da parada) pode ajudar muito a escolher o tipo certo de ancoragem para cada situação (situação da escalada (comercial ou não), material e terreno disponível).

É possível fazer essa análise para qualquer tipo de ancoragem de dois ou mais pontos.  Para lembrar dos pontos a analisar usamos o acrônimo "SERENES":

Solidez: Os pontos de ancoragem e o sistemas devem ser apropriadamente fortes para o tipo de escalada que fazemos (acima de 20kn é ideal numa parada, por isso nas paradas em móvel colocamos 3 peças pelo menos).

Equalização: durante o uso da parada, principalmente durante as quedas, a força gerada deve ser distribuída o mais igualitariamente possível entre as proteções. Verificamos essa distribuição através do ângulo formado pela conexão com as proteções.

Redundância: Esse ponto é o que dá mais confusão. Para não deixar dúvidas faço aqui a tradução livre de um trecho do "The Mountain Guide Manual. The comprehensive reference - From belaying to rope systems and self-rescue." de autoria de Marc Chauvin e Rob Coppolillo e recomendado pela American Mountain Guides Association: "Mais de um elemento de ancoragem (proteção móvel, material, etc.) pode falhar antes que toda a ancoragem falhe." 

Esse ponto é interessante para mantermos o sistema de ancoragem cada vez mais seguro!!

Não-Extensão: Se um das proteções falharem o sistema não estende, o segurança fica no mesmo lugar. Nesse caso primamos pela não transmissão de uma força que pode fazer falhar alguma das proteções.

Simplicidade: O último ponto analisa o quão rápido conseguimos montar e desmontar a parada e o quanto é fácil verificar se está correta.

Existem outros acrônimos, mas esse acredito que sirva bem para iniciar na brincadeira, e saber sempre se sua parada está montada de maneira mais segura possível!!


Abração, André Funari


26 de outubro de 2020

Escalada guiada no Complexo da Pedra do Baú

 Com o retorno das atividades no Complexo da Pedra do Baú - São Bento do Sapucaí voltamos a guiar na região nas seguintes vias:




Pedra da Ana Chata


- Peter Pan 4ºIVsup 120 metros

-Tom Sawyer 3º IVsup 150 metros

-Elektra 4º V 200 metros

-Wonder Woman 4º VIsup 100 metros


Pedra do Baú


- Normal 3º IV 60 metros

-Cresta com normal 4º V 80 metros

-Transbaú 5º VIIa 250 metros


Pedra do Bauzinho


-Normal 2º IIIsup 90 metros

-Galba 4º Vsup 150 metros

-Homem Pássaro 5º VIsup 150 metros

-Furia de Kimera 5º VIIa 250 metros

-Paredão Tudo Bem 5ºVI 100 metros


Informações e reservas: 19 99916 6716


3 de agosto de 2020

Conquista de vias: um ato de criação e, sobretudo, de publicação.

    Vias de escalada podem ser criadas do chão ao topo, cuja forma se convencionou chamar conquista. Podem ser criadas (como na maioria das esportivas hoje em dia) desde o topo por rapel ou top-rope e cuja forma se convencionou chamar equipagem. Podem ser só em chapeletas, só em móvel ou mistas.

Renato Russo testando os primeiros movimentos da Colômbia 8a na Fazenda Invernada em 2006.

    
A natureza das duas atividades é bem distinta, mas a finalidade é bem parecida. As duas formam uma via, rota, produto, obra e criação. A conquista desde o chão exige que o escalador faça a escalada do trecho jogando com os elementos que a rocha expõe e que ele dispõem. Pode ser em livre ou artificial. Em livre hoje é o ideal, utilizando o artificial para fazer as proteções fixas ou testar peças. Mas também podem ser conquistadas vias essencialmente de escalada estilo artificial. Já equipar uma via não exige esse mesmo jogo com a rocha, com seus elementos e os equipamentos e técnicas disponíveis. Exige também boa leitura da rocha - ainda mais que na conquista - para colocar as proteções em bom lugar.


    Independente de tudo isso, nos dois casos, existe a criação de uma rota de escalada que se torna pública. Muito pelo contrário do que alguns pregam por ai, a criação de uma via (por conquista ou equipagem) não torna aquele pedaço de rocha seu, de sua propriedade. Na maioria dos casos, em lugares abertos, privados e públicos, uma via criada é um ato de publicação daquele pedaço de rocha. Ele se torna de todos, de uso comum. Se alguém teve o direito de escalar algum trecho de rocha em um lugar aberto ao público, todos têm o direito de escalar aquele trecho. Há, é claro, um respeito (questão de ética) ao que passou primeiro, aos primeiros ascensionistas...são muitos os documentos brasileiros que tratam da questão do "Direito Autoral". De acordo com o "Código Brasileiro de Ética na Escalada", por exemplo:

"Dos Pontos De Segurança (Grampos Fixos ou Chapeletas)

Durante uma conquista deve ser observado o posicionamento dos pontos de segurança, de modo que em hipótese alguma de queda, o escalador toque o solo, arestas ou saliências, representando perigo à sua própria integridade;
É proibida a adição de pontos de segurança em escaladas já conquistadas, sem autorização dos conquistadores;
Em caso de regrampeação os escaladores não possuem poder algum para descaracterizar qualquer rota, transferindo a original proteção dos pontos de segurança, de acordo com o artigo primeiro anterior;

Da Conquista:

Nenhum escalador possui o direito de reservar para si qualquer rota ou pedaço de pedra, somente se estiver colocando evidentes esforços para efetuação de seus objetivos, seja aproximação, ou colocação de grampos;

Em caso da modificação das intenções o escalador tem a responsabilidade de expressá-las à comunidade local, deixando-a aberta a todos;

Toda conquista deverá ser divulgada no catálogo que deve ser editado anualmente;" (Código Brasileiro de Ética na Escalada, 1993, grifos nossos)


    A "reserva" de um trecho é também um respeito aos conquistadores, pelo esforço empreendido na aproximação (criação de trilhas, negociação com donos de terras etc.) mas tem um limite. Uma via abandonada durante anos é claramente uma modificação de intenções dos escaladores e deve ser liberada para que outras cordadas possam usufruir do que é público, no sentido de ser de todos: o direito à escalada (lembrando o "Walls are meant for climbing" da campanha da marca The North Face" e toda a luta do direito ao acesso aos picos de escalada no mundo todo)

    Abandonar a ideia de que a conquista ou equipagem de uma via torna aquele trecho de rocha "seu" é fundamental para a formação de um montanhismo mais democrático. Menos ditatorial. Abrir uma via é publicar, no sentido de tornar público, para todos os que se dispuserem a encarar o que encarou o conquistador, respeitando a obra, não a modificando.

Foto do Matheus Prado enquanto limpava a última enfiada da via "Tempos Modernos" D1 6 VIIb E2 120 metros na Pedra da Divisa, São Bento do Sapucaí -SP. No topo, estava batendo o segundo furo da P4 (essa é a primeira e única via que alcança o topo da Pedra da Divisa, podendo descer por caminhada). Conquistamos em 2018 desde o chão utilizando técnicas mistas de livre e artificial, aproveitando ao máximo as fendas para utilização de proteção móvel e agarras pros cliffs...fazendo o mínimo de furos para deixar uma via mais moderna...tudo sem usar furadeira...

    Abraços, André.

25 de julho de 2020

CAR - Curso de Auto-resgate

Durante muito tempo não demos importância para as operações de "auto-resgate"...poucos escaladores são os que sabem fazer, mas muitos os que entram em roubadas que podem significar problemas graves e até fatais. Podemos evitar tal situação com um bom conhecimento das técnicas de auto-resgate e de primeiros socorros em áreas remotas, em conjunto.

As técnicas de auto-resgate são aquelas que possibilitam o escalador não-acidentado  acessar o escalador acidentado (guia ou participante) e prestar os primeiros socorros.
Se a lesão não foi grave (sem problemas na coluna ou bacia etc.) e o estado do escalador acidentado permite uma evacuação, o escalador não-acidentado consegue também retirar todo mundo com segurança, ao menos até a base ou ao cume da montanha onde podem montar abrigo para esperar ajuda.

O Curso de Auto-resgate é voltado para o treinamento completo (pensando nas mais diversas situações - resgate do guia e do participante em linha reta, horizontal, teto, perto ou longe do cume etc.) do escalador a ponto de ele poder criar autonomia em um possível acidente (prestando os PS e evacuando se possível).

Recomendamos ao escalador que queira fazer o CAR que faça também um curso de primeiros socorros em áreas remotas (WFA ou WAFA). Não adianta saber acessar a vítima e nada saber fazer.

Além disso é sempre bom praticar os procedimentos, e a cada 2 anos ou refazer o CAR ou, no mínimo, realizar o TAR 1 e 2 (treinamento em auto-resgate em dois modulos de 4 horas cada um): é mais curto e aborda apenas as principais operações, mas é ideal pra revisar e estar com os procedimentos sempre treinados.


Conteúdo do curso:

1 1.1-Introdução ao auto-resgate: quando operar ou não um auto-resgate em escalada.

1.2-Material básico para operações de auto-resgate: improvisando com os equipamentos de escalada.

2. 2.1-Resgate do guia:
                             -Em linha reta (com proteção superior boa e com proteção superior ruim)
                             -Em horizontal (transferência de escalador e transferência de parada)
                             -Em tetos/negativos fortes
2. 2.2 -Resgate do segundo:
                             -Em linha reta (com corda para rapelar e sem corda para rapelar)
                             -Em horizontal (com transferência de escalador e transferência de parada)
                             -Em teto/negativo forte

2. 2.3 -Meios de retirada
-Içamentos: sistemas de polias 3:1, 5:1 e 9:1.
-Rapeis: em contra-peso e tandem.

2. 2.4 -Descer a vítima (e socorrista) passando um nó.
Rafael descendo a vítima da parada. Recurso simples de auto-resgate.


Duração: o treinamento dura 4 dias (32 horas de atividades) e é realizado em ambiente de campo-escola preparado para isso. Equipamentos e material didático inclusos. Seguro optativo.

Contate-nos para marcar uma data, saber de preços e descontos para duplas ou trios...19 99916 6716 (whatsapp) ou andrefunari@gmail.com


20 de julho de 2020

Parada em série - duas maneiras de regular, principais usos e análise SERENES

Um recurso bem interessante e pouco usado é a parada em série

A ideia é simples: se pendurar em um ponto e utilizar um outro como backup. 

Esse procedimento é comum em vias esportivas, quando um escalador vai limpar a via e utiliza uma costura pra "backapear" o ponto em que está ancorado. Acontece que alguns testes mostraram que mosquetões conectados com mosquetões, ou mosquetão-chapa-mosquetão quando solicitados podem estourar ou abrir com muito mais facilidade que uma conexão feita com fita. Uma primeira grande vantagem na parada em série em relação ao velho backup com costura é essa: se elimina a chance de um mosquetão estourar ou abrir tracionando erroneamente (ou por efeito alavanca ou por tracionamento em 3 sentidos) na chapeleta ou em outro mosquetão.

Como funciona:
Com uma fita é feito um loop (balso pelo seio)  que vai ser o ponto central e com o resto da fita ajusta-se o backup no outro ponto de ancoragem. A ideia é deixar a fita o mais curta possível, diminuindo ao máximo o fator "extensão" em caso do ponto principal de ancoragem falhar.
Faço essa regulagem usando dois métodos: ou um nó simples ou um volta do fiel. Se for fazer o fiel lembre de clipar a fita de volta no mosquetão, caso o fiel falhe a fita estará clipada dentro do mosquetão.

Parada de 2 pontos em série regulada com nó simples. Utilizamos o loop formado como ponto central (master-point)
Regulagem feita com fiel: reparem que clipei novamente a fita dentro do mosquetão do fiel. Assim evita-se "ficar fora" da fita caso o fiel falhe.


Vantagens: (1) A maior vantagem nessa parada é quando dois pontos estão desalinhados* (um muito acima do outro). (2) Outra vantagem é de se precisar de pouca fita para montar (quando os pontos estão desalinhados precisa de mais fita pra fazer um triangulo bloqueado, por exemplo). (3) Além disso é uma parada relativamente simples de montar (pode-se deixar o loop feito e a cada ancoragem só ir ajustando o nó na sobra da fita).


Em uma análise SERENES temos:

-Solidez: boa solidez.
-Equalização: média equalização. Em alguns casos até ocorre boa equalização, mas normalmente a carga fica em um ponto e o outro como backup.
-Redundância: média redundância.
-Não-extensão: Muito boa. Se bem ajustada tem extensão zero.
-Simplicidade: relativamente simples de montar, principalmente se já deixar o loop de ancoragem montado.

*Em rochas sedimentares pode existir uma diferença significativa entre uma camada de rocha e outra(e isso pode estar a 10 centímetros ou menos de distância vertical). Então é mais seguro furar uma parada  com os pontos não alinhados, ou seja, um acima do outro. Assim cada ponto vai estar em uma "fase" diferente da rocha, proporcionando maior solidez aos pontos de ancoragem. Existem muitas paradas assim nos arenitos paulistas...assim que percebemos essa vantagem paramos de bater os pontos um ao lado do outro, colocando um acima do outro. Diferente de rochas menos friáveis (cristalinas), como o gnaisse ou granito, ou basalto/diabásio, nos arenitos e calcários pode ser mais sólido ter paradas desalinhadas.

Essa parada é conteúdo do curso de guia de cordada, juntamente com o QUAD e o SWAMP. 

Abraços, André Funari.

3 de julho de 2020

Curso avançado de escalada: proteção móvel

Na "linha evolutiva" dos cursos é natural que o aluno que teve interesse em guiar também queira acrescentar o uso de proteções móveis no seu arcabouço. Esse é o curso ideal para isso!

São apresentadas as peças ativas e passivas de proteção móvel. Seus usos como proteção para quedas (apesar de vermos como artificializar para testar a peça esse não é o foco desse curso) em escaladas em livre e também artificial.

Os tópicos do curso são:

-Histórico do uso de proteções móveis. Princípios do mínimo impacto em escalada em rocha.
-Fundamentos das proteções móveis: ativas e passivas.
-Organizando o material: no porta-equipamento (rack), bandoleiras e costuras no peito.
-Protegendo: como avaliar a solidez da rocha; resistência a primeiro e segundo puxões; "fácil de tirar", proteção do "puxão da corda"; peças multidirecionais; oposição de peças; evitando o efeito zíper; equalização de duas ou mais peças durante a escalada; peças em série
-Parada em móvel: montagem; multidirecionalidade; análise SERENE
-Limpando: retirar as peças com eficiência.
-Manutenção e conservação do material móvel.

O treinamento dura 32 horas divididas em 4 dias e é feito em locais ricos em fendas. Treinamos no chão, de top-rope e em vias bem fáceis assim compreendemos e apreendemos bem as técnicas
para o uso de proteção móvel para poder guiar com segurança.

Abração, André.





23 de junho de 2020

Curso de escalada avançado: guia de cordada

Bom dia galera, começando mais uma semana no meio da quarentena e trago mais um pouco de informação sobre os cursos.

O curso de Guia de Cordada é, normalmente, o curso de continuidade após o montanhista novato fazer o curso básico. Sempre recomendo aos meus alunos que escalem bastante e treinem os procedimentos e escalem de top-rope vias de 5 e 6 grau brasileiros. Com essa experiêcia, dominando essa graduação e técnicas é possível fazer o curso de guia de cordada. Isso porque no Brasil e principalmente na região que ministro minhas aulas (Estado de São Paulo, com foco na região da mantiqueira) existem poucas vias fáceis e protegidas para iniciar (os chamados campos-escolas): a maioria das vias desse tipo comecam na graduacão 4º e 5º. Além disso, os procedimentos que a resposabilidade para guiar com segurança se acumulam aos de formação básica.

O conteúdo é o seguinte:
- História e ética da escalada em rocha
-Uso de protecões naturais (blocos, árvores, colunas, bicos de pedra etc.) e fixas (grampos p, chapeletas, pitons, bolts e parsfusos)
-Fundamentos da escalada guiada (como planejar uma escalada, começando a guiada, protegendo e seguindo, segurança da parada, guiando com corda simples, dupla e gêmea, abandono de um ponto em segurança)
-Pequeno artificial (A0)
-Métodos alternativos de ascensão em corda fixa; passar um nó na ascensão.
-Rapel multiplas-enfiadas, rapel com grigri, rapel com retinida, rapel com corda dupla (incluindo metodos alternativos), passar um nó no rapel.
-Auto-resgate (do segundo e do guia)

Nosso curso tem uma carga horária de no mínimo 32 horas, podendo ser extendido se o aluno desejar. No primeiro dia: iniciamos com uma revisão do conteúdo do curso básico, que dura uma manhã. Partimos para o uso de proteções (naturais e fixas), planejamento antes de escalar (leitura de croquis, rackeando) e técnicas da escalada guiada (como clipar, perna na corda, quando proteger...)...isso no primeiro dia.
Segundo dia: treinamos tudo o que vimos + dar segurança da parada e rapéis (grigri, retinita etc.)
Terceiro dia: uso de corda dupla e gêmea, abandono de um ponto, pequenos artificiais e métodos de ascensão.








E treinar tudo o que vimos até aqui.
Quarto dia: guiar vias no campo-escola e realizar todos os procedimentos e auto-resgate (inclui prevenção de acidentes)
Com esse treinamento quem quer começar a guiar pode ter um bom arsenal para lidar com as mais diversas situações. Também é um bom curso para quem já guia, mas quer ter um conhecimento completo sobre escalada guiada. Esse curso pode ser feito junto de um curso de escalada móvel: tema da próxima postagem!!

Abraços, André Funari

16 de junho de 2020

Como funciona nosso Curso Básico de Escalada em Rocha

Nos últimos três anos vemho oferecendo aulas e cursos de escalada em rocha. Isso começou em São Paulo, morava lá e escalava direto na Casa de Pedra e lá conheci alguns alunos.
Pra trabalhar com alunos de escalada é preciso ter um método que forme um escalador autônomo, preparado para lidar com situações das mais diversas. O que chamaria de “a nova escola” da escalada, por estar numa frente pioneira, de que ra de velhos paradigmas e introdução de muitas novas questões é definitivamente uma “revolução” na escalada. Essa frente é formada tanto pela escola européia quanto a americana, quanto a sulamericana, todos tem contribuido para o refinamento das técnicas (como por exemplo nas publicações recomendadas pela American Mountain Guides Associacion)

Se você já escalou alguma vez e quer conhecer melhor a escalada, iniciar neste esporte que é filosofia de vida ou então já escala a algum tempo mas quer consolidar os conhecimetos básicos - leia-se fundamentais - para a escalada em rocha: entao um curso básico é o ideal.
Em quatro dias, 32 horas/aula, praticamos o seguinte:

-História e ética da escalada em rocha no Brasil
-Equipamentos individuais e coletivos
-Encordoamento pela ponta e pelo meio da corda 
-Segurança do Guia desde o chão e da parada
-Parada equalizada (X bloqueado e triângulo bloqueado)
-Rapel auto-seguro
-Ascensão em corda fixa
-Movimentação básica escalando em livre
-Pequeno artificial (A0)
Nós e voltas: oito pela ponta, azelha de oito, oito de emenda, azelha simples, pescador simples, pescador duplo, prussik tradicional, prussik francês, kleinhist, borboleta alpina, volta do fiel, UIAA, nó de fita. 

Treinamos durante 4 encontros em campos-escolas (locais preparados para o ensino e aprendizagem da escalada). Com esse treinamento qualquer pessoa pode estar apta a acompanhar algum guia (pessoa mais experiente) em uma escalada na falésia ou na montanha com um bom nível de autonomia (saber. Esse é uma boa maneira de iniciar na escalada.













Não ensino a guiar em curso básico pois guiar requer outras tarefas de responsabilidade além das do curso básico. Guiar também amplia bastante o horizonte o que sem o conhecimento de técnicas corretas pode colocar alguém fácil em uma roubada. Por isso sempre recomendo aos meus alunos -e tenho visto todos os que estão se formando comigo irem por este caminho - que depois do curso básico treinem bem as técnicas e antes de tudo escalem bastante 5 e 6 graus. Quando sentir que está dominando bem os nós, técnicas e a escalada em si ai podemos dar um passo pro curso de guia de cordada. Assim o aluno se forma um montanhista completo, escalador de rocha que sabe o que esta fazendo de fato...que se entrar na roubada sabe sair, mas evita ao máximo estar numa.

Nas próximas vou postando como são os cursos avançados: de guia de cordada, escalada em móvel, escalada artificial, bigwall e auto-resgate. 

13 de junho de 2020

Domingos Giobbi em 8:50 horas de escalada a vista

Faz muito tempo que não faço um relato, mas essa escalada merece.
Desde que comecei a escalar e comecei a ouvir sobre São Bento do Sapucaí uma linha na pedra do Baú sempre foi o sonho de consumo, sempre quis repetir essa linda linha. Isso lá por 2004/2005. Passados 15 anos poucos foram os parceiros que cogitavam escalar aquela rota. A questão de ter muito artificial não atraia muito parceiro, mas tudo a seu tempo. Esse ano havia escalado com Tiago Reis, o Minhoca lá de Sorocaba em uma falésia de vias esportivas em Luminosa. Depois desse dia ele deu a ideia de fazer a Domingos em um push, tentar a via num dia só. Eu já havia estudado a possibilidade de fazer a rota e já tinha dado um curso avançado ali no platô da P1. Tava precisando é de outro maluco pra tentar a empreitada.

A Domingos é conhecida por uma via de estilo Bigwall, ou seja, uma via com técnicas mais avançadas de escalada (pra limpar as vezes é mais complicado que escalar, nas horizontais, por exemplo) e requer, pela extensão e dificuldade técnica, ao menos uma durmida. Entretanto, já haviam noticias de ascenções em torno de 10 horas e algumas bem ousadas, parece que o recorde de tempo nessa via é de 4:40 (coisa que é realmente possível). Então não seria impossível mandarmos a via em um dia. São 6 enfiadas, a primeira fizemos pela via das abelhas, dai a partir do platô de bivak a via ganha outra cara, parede imponente, negativa, muito massa!

Uns dias antes estudando para aperfeiçoar as técnicas que usaríamos nos trechos mais complicados de artificial, recorremos aos procedimentos desenvolvidos pelo Chris Mcnamara no livro "How to bigwall". Não utilizamos a técnica de short-fixing, mas certamente essa sera um salto na questão de velocidade na parede. Tirando isso utilizamos quase todas as dicas para escalada de bigwall em estilo speedclimb e mais um pouco:

-Duas dasychains cada uma com um estribo (levar dois estribos ao inves de 3 ou 4)
-FiFi para agilizar o conectar/desconectar da proteção
-Escalar de sapatilha (quando optamos pelo French-free é a melhor coisa ja estar calçado)
-Escale em artificial como se estivesse livrando (utilize agarras de pé, de mão, o balanço do corpo, entalamentos em favor da progressão)
-Testou a peça com peso do corpo, sobe o máximo que consegue, sem utilizar solteira (sobe nos estribos e já clipa a Fifi)
-Clipar corda somente nas peças bombas e estratégicas (que realmente estão protegendo)
-Limpar jumareando e eventualmente escalando, mas sendo agilizado e já organizando o material pro parceiro
-Guiar em blocos

Decidimos iniciar a escalada por baixo, ao inves de rapelar pelo Col. Domingo escalamos a Nóia de Cão e fixamos uma corda estatica que seria nossa retinida e entocamos a dinamica. Na segunda feira 5 e pouco começamos a trilha, tudo congelado. Jumareio matinal e as 7 horas da manha estavamos na base da Domingos. Minhoca começou a primeira enfiada da via das Abelhas (que hoje se tornou uma variante muito mais frequentada que o diedro original da via, cheio de marimbondos), puxamos as mochilas que deram um trabalho. A partir do plato uma mochila foi na outra e Minhoca saiu pra guiar a segunda, rapidão, agilizado, subindo altão nos estribos, tavamos bem. Quando o parceiro chegou na parada, fixou a corda e enquanto eu subia limpando ele ia puxando a mochila. Enfiada muito bacana, cheia de possibilidade pra livrar. Na terceira enfiada Minhoca guiou em diagonal pra esquerda quase todo o tempo. Muito linda e um dos crux.
Como a estratégia de guiar era em blocos, Minhoca guiou as três primeiras e a partir daqui eu ia tocar. Quarta enfiada uma horizontal pra esquerda pra acessar uma chapa, desce e continua pra esquerda até um sistema de fendas. Fiz uma parada em móvel por ali e chamei o parceiro e a mochila. A próxima enfiada é muito boa, muito móvel, alguns lances em artifcial mas a maioria em livre. Chega-se numa parada em pitons que arqueiam kkkkkkk
A última enfiada foi a que mais curti guiar, sai da parada meio aereo, busca um camalot 2 perfeito e faz um lance de uns 4 ou 5 metros em clifs, micro-nuts e regletadas (ai a sapata ajuda) até um 0.75 perfeito. Dai pra frente sai tudo em livre, quase 30 metros de um desfrute total, uma fenda horizontal perfeita no topo do Baú!! As 16:20 puxamos as cordas no cume.

Mandamos a via em 8horas e 50 minutos a vista. acredito que conhecendo a via e melhorando alguns pontos podemos melhorar o tempo, isso fica de projeto, assim como fazer em solitário.

Obrigado Minhoca pela parceira!!